Como nas antigas feiras por onde passavam artistas itinerantes com suas histórias e truques na bagagem, esta performance chega à Feira do Livro de Porto Alegre costurando caminhos entre o circo e a literatura. O corpo em movimento desenhando imagens no ar são aqui como as palavras de um conto. Os lançamentos, os equilíbrios e as pausas se tornam leitura — uma leitura do risco, do ritmo e do instante. Assim como Murilo Rubião, Júlio Cortázar, Carlos Drummond de Andrade e Lygia Fagundes Telles brincaram com o absurdo, o encantamento e o inesperado circense em seus textos, esta performance convida o circo a entrar pelas páginas da literatura, e a literatura a dançar no picadeiro da rua. No ar, voam claves, sonhos e silêncios. No chão, repousam quedas — delicadas pausas no caminho da escrita. Assim como nos livros, o circo também é feito de corpo e invenção, e o risco é sempre a primeira palavra.